quinta-feira, 17 de julho de 2008

Mais "Santas Casas"

Os jornais locais noticiam que o relatório sobre a situação da Santa Casa, elaborado pelo senador Papaléo Paes (PSDB/AP), foi aprovado pela Subcomissão Permanente de Acompanhamento, Prevenção e Defesa da Saúde, que integra a Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS).

O relatório, que deve responsabilizar os gestores da instituição, aponta como a causa principal do drama o número de leitos insuficiente para a sobrecarga de pacientes vindos do interior.

Segundo o relatório, os gestores devem ser responsabilizados por não terem adotado as providências necessárias para prevenir os óbitos.

Apesar de todas as medidas que já estavam e estão em curso – antes e depois do episódio – “martelam” em minha cabeça algumas preocupações.

Como atribuir um peso adequado ao que o relatório aponta como “problemas de gestão” na produção do resultado, ou seja, na ocorrência elevada de óbitos, uma vez que o próprio relatório infere que a causa principal da tragédia é a superlotação em razão do desequilíbrio entre a explosão de demanda do interior e a oferta de serviços de saúde no Estado?

Como não cair na armadilha de responsabilizar, desproporcional e injustamente, os gestores da Santa Casa por um problema que apresenta inequívocos contornos sistêmicos e históricos e, ao mesmo tempo, não deixar de dar uma resposta efetiva para a sociedade que, definitivamente, ajude a superar as causas verdadeiras do problema?

Acaso há solução para esse drama que se esgote nos limites – embora largos – dos muros da Santa Casa, uma vez que a solução reside, entre outras, na melhoria da atenção básica à saúde, na educação em saúde e, por óbvio, na ampliação da oferta de serviços básicos, como é o caso do pré-natal?

O que precisamos encarar é que por melhor que se torne a Santa Casa e por mais estruturada e equipada que ela seja depois de tudo o que foi exposto, nunca mais essa valorosa instituição logrará cumprir o mesmo papel que lhe coube ao longo da história e que a tornou uma das instituições mais queridas do povo do Pará, não por que não continuará – como sempre fez e continua a fazer – a salvar vidas, mas pelo simples fato de que o Pará não é mais o que era quando do início de sua multissecular existência.A maior homenagem que os governantes de hoje podem render à nossa Santa Casa de Misericórdia do Pará – além de devolver-lhe o viço – é dar ao povo o direito a outras “Santas Casas”, pois nada mais justo e revolucionário do que tratar a saúde como um direito verdadeiramente acessível a todos, independentemente da renda, exatamente como sempre foi a Santa Casa.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Charles,
Primeiramente lhe parabenizo pela iniciativa corajosa de criar este espaço de diálogo com a sociedade. Quanto ao assunto Santa Casa a Governadora Ana Julia está certa em não se manifestar, explico:
Este índice de mortalidade deve ser muito semelhante ao dos governos anteriores em razão de, que o mal advem da falta de estrutura da saúde, seja pública ou privada, do interior de nosso continental Estado.
Eis que, com uma ou duas exceções, as cidades interioranas não contam com médicos em números desejáveis para a realização das ações de pré-natal e acompanhamento da saúde das gestantes.
Não sou médico, entretanto minhas andanças, a serviço da SEFA, pelo interior do Estado me proporcionou a clareza dessas dificuldades. Diversas vezes presenciei gestantes parindo em locais inadequados, sendo transferidas, em veículos não especializados, justamente para a Santa Casa que, na maioria das vezes, é a instituição que recepciona essas pacientes sem maiores burocracias.
Assim, amigo Charles, minha opinião é de que a imprensa de oposição está explorando, em demasia, um fato que já, lamentavelmente, ocorre a vários anos em nosso Estado.
Paulo Sérgio Gomes
AAF- Sefa Pa

Anônimo disse...

Gostei de sua análise.
Gostei de seu blog.

Se depender de mim, Juvêncio, do 5ª estará te dando os parabéns daqui a 3 anos, pelo aniversário...do blog.